sábado, 29 de outubro de 2011

Livro: 1932: Imagens de uma Revolução (Marco Antonio Villa)



No mês em que o Brasil lembra os 76 anos de seu maior conflito bélico do século XX, chega às livrarias o livro "1932: imagens de uma revolução", do historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos, Marco Antônio Villa, com edição pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. O prefácio é do historiador Boris Fausto.

Ricamente ilustrado com imagens de armas, tanques de guerra, soldados no campo de batalha,
recortes de jornal, mapa de São Paulo e cartazes de propaganda o livro resgata e dá a dimensão deste importante momento histórico, muitas vezes relegado a segundo plano, quando São Paulo tentou democratizar o País, derrubando o Governo Provisório de Getúlio Vargas, então uma ditadura, e iniciar um regime constitucional.

Boris Fausto reforça a atualidade da obra: "A guerra paulista seria, então, a página virada de um velho folhetim? Nem de longe. Basta lembrar que a democracia, como valor básico, continua sendo um requisito essencial da vida na nossa sociedade - um valor que resiste às ameaças veladas ou abertas e que ganha, ao mesmo tempo, conteúdo cada vez mais pluralista, nos dias atuais. O texto de Marco Antonio Villa assume as contradições inerentes à Revolução de 1932, e dá um passo à frente, ao introduzir um novo olhar sobre o episódio".

A obra tem como elemento central a questão democrática como a grande herança da Revolução Constitucionalista. Se os paulistas não saíram vitoriosos desse conflito que envolveu cerca de 85 mil combatentes - 55 mil das forças federais e 30 mil do exército constitucionalista - o resultado historicamente foi importante porque iniciou-se ali o processo de democratização: em maio do ano seguinte foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte e as mulheres votaram pela primeira vez. No livro, Marco Antônio Villa mostra o contexto da revolução e as tentativas fracassadas de ampliá-la a outros estados.

"Apesar de ficar restrito à São Paulo, este foi o maior conflito desde os primeiros anos da república e debater a Revolução Constitucionalista é uma necessidade histórica e política", defende Marco Antonio Villa. "A democracia estava no centro da disputa travada em São Paulo, mas não devemos louvar a guerra. Se a tensão era política, ela não deveria ter sido resolvida no campo militar", argumenta o historiador. Estima-se que 1.050 soldados federais e 634 constitucionalistas tenham morrido no conflito.

Pela primeira vez, a aviação foi usada em uma guerra civil brasileira. Eram 12 aviões do lado do governo federal e 6 do lado dos constitucionalistas (Unidades Aéreas Constitucionalistas - UAC). No início, os aviões eram armas de propaganda: nos dias 10 e 14 de julho, dois aviões constitucionalistas jogaram milhares de folhetos e cinco mil exemplares de A Gazeta e O Estado de S. Paulo sobre a capital federal. O mesmo fez a aviação federal em território paulista. Depois vieram os bombardeios em áreas civis, navios, fábricas e usinas elétricas.

Como em toda guerra, a primeira vítima é a verdade, e a censura foi marcante nos dois lados. Para os constitucionalistas, as manchetes eram sempre positivas - mesmo às vésperas da rendição. Por parte do governo, a censura impedia que se noticiassem manifestações contrárias a ele.

"Não podemos esquecer o que passamos durante esta guerra: a vontade de transformar o Brasil num país democrático, a coragem dos soldados e voluntários nos campos de batalha espalhados pelo interior do estado e, sobretudo, as transformações decorridas desse embate, que foi, felizmente, a última guerra brasileira. Esta é a razão de publicarmos esta obra", diz Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

Villa trata também do percurso de alguns intelectuais como Oswald de Andrade e Cassiano Ricardo durante a Revolução e dedica um capítulo às artes desenvolvidas em 1932, com destaque para a música e a literatura. Ele mostra capa de títulos como "Diario de um Combatente desarmado", de Sertorio de Castro; "S.Paulo Venceu!", de Arnon de Mello; "São Paulo e sua guerra de seccessão", de Almachio Diniz; "Chorando e rindo...", de Cornélio Pires entre outros.

Traz ainda partituras de músicas e hinos como "A São Paulo", com poesia de Fagundes Varella e música de Francisco Mignone"; "O passo do soldado - Marcha da Liga de Defesa Paulista", com letra do sonetista Guilherme de Almeida e música de Marcelo Tupinamba; "Ilha das Flores", de Augusto Miranda e outras. Trechos de um discurso pouco conhecido de Carlos Drummond de Andrade chamado "O soldado do Túnel" também estão no livro.

Publicação original

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domingo, 15 de maio de 2011

Dia do armistício



Giovanni Spirandelli

No dia 2 de outubro comemoramos o 79º aniversário da cessação das hostilidades do movimento constitucionalista.
Para nós, da Sociedade Veteranos de 32 - MMDC Rio Preto, foi um dia de muito júbilo. A comemoração, também conhecida como Solenidade de Passagem do Armistício, foi marcada pela primeira cerimônia do gênero realizada em nossa cidade. Merece seja ponderado que a sociedade ainda tem um longo caminho a trilhar, pois carece de um museu para expor peças e documentos pertencentes a heróis rio-pretenses, que lutaram na Revolução de 1932. Para tanto, o MMDC Rio Preto precisa contar com a ajuda da Prefeitura. De qualquer maneira, o Núcleo conseguiu aprovar uma lei municipal que faz com que as escolas sediadas no município incluam na grade curricular a disciplina Moral e Civismo. Cumpre agora cobrar a atuação do Executivo quanto ao cumprimento dessa lei. Lembramos também que o desfile do dia 9 de julho, realizado na cidade, só perde em magnitude para o desfile da Capital. Nos tempos atuais, percebemos que os mais jovens desapareceram das solenidades que visam relembrar a nossa memória histórica. A vida política do País deixou de ser pensada e discutida nas esquinas, evidenciando uma decadência social, moral e cultural de elevada periculosidade cívica.

A história tem nos ensinado que o afastamento da juventude é um sinal de alarme para as nações. Por isso mesmo que a entidade fez gestão para que a lei municipal que inclui moral e civismo aos jovens rio-pretenses saísse da imaginação, exigindo dos patriotas uma providência imediata, diante da falência dos homens que governam nossas instituições. O povo do 9 de julho é a referência de honra e glória que jamais deixaremos desaparecer de nossa história. O Movimento Constitucionalista foi uma guerra que custou a vida de quase mil soldados. Curiosamente, o governo federal jamais divulgou o número de suas perdas. São Paulo combateu o bom combate, caindo de pé, restando moralmente vitorioso. Tamanho o ímpeto do povo bandeirante na época, que sua vontade restou retratada nas palavras de Ibraim Nobre: “A revolução não deveria terminar assim. Depois que fossem os filhos, iriam os pais. Depois que eles morressem, iriam as irmãs, as mães, as noivas. Todos morreriam. Mais tarde, quando alguém passasse por aqui, neste São Paulo deserto, sem pedra sobre pedra, levantando os olhos para o céu, haveria de ler, no epitáfio das estrelas, a história de um povo que não quis ser escravo.” Nada mais cívico que comemorar o valoroso Movimento Constitucionalista de 1932, não só para servir de exemplo às novas gerações, como também para ressaltar o patriotismo daqueles que lutaram em prol da constitucionalização do Brasil. Para finalizar, agora contando parte da história derradeira do episódio, São Paulo perdeu, sim, a batalha, assinando um armistício, o qual ousamos comemorar no dia 2 de outubro, mas não perdeu a guerra. Se por um lado, São Paulo foi derrotado nas armas, já que não as tinha em número suficiente, por outro lado saiu vencedor da contenda, eis que conseguiu melhorar o Brasil.

Texto originalmente publicado no Diário da Região em 14/10/2011

GIOVANNI SPIRANDELLI DA COSTA
Presidente da Sociedade Veteranos de 32 - MMDC de São José do Rio Preto

Reunião do dia 11/05/2011

Nesta reunião recebemos a visita do Coronel ...